Entrevista com Marie Meyers, do Projeto Luz
Marie Christiane Meyers tem 62 anos, é formada em História pela PUC-RJ e é cônsul honorária de Luxemburgo há vinte anos. Junto ao Banco da Providência ela financia e participa do Projeto Luz - que capacita jovens há dois anos preparando-os para o mercado de trabalho. Conversamos com ela para saber mais sobre sua história, como surgiu o projeto e como ele transforma a vida de quem participa dele. Vamos lá?
BP – Como surgiu o Projeto Luz e como ele encontrou o Banco da Providência?
O Projeto Luz surgiu há dois anos. Devido ao meu passado como professora, sempre tive desejo de fazer algo voltado para jovens de comunidade, que pudesse transformar a vida deles. Convidei duas amigas que estavam saindo de suas profissões e juntas, sentamos e pensamos em como poderíamos fazer isso. Pensamos primeiro em formação técnica e profissionalizante e com o tempo nos abrimos a outras capacitações para os jovens. Como nunca tínhamos trabalhado com o terceiro setor, estávamos meio perdidas em como dar início ao projeto. Procuramos uma pessoa que nos indicou o Banco da Providência. Fomos muito bem acolhidas, nos afinamos com a missão do Banco de contribuir para a redução da desigualdade social, estamos aprendendo sobre gestão e há dois anos firmamos essa parceria.
BP – E como o projeto funciona?
Nós temos turmas dentro das Agências Jovens, onde os jovens são capacitados através de diversos módulos. Este ano estamos com o módulo de Tecnologias da Comunicação. Queremos que eles aprendam a cultura digital em que vivemos hoje, desde o mais básico ao mais complexo. Queremos que eles sejam empreendedores, que sejam protagonistas da própria história. Temos aulas de Cidadania onde os jovens desenvolvem habilidades sócio-emocionais, Produção textual e escrita criativa, Fotografia, Informática, Empregabilidade, Empreendedorismo. Convidamos palestrantes e fazemos dinâmicas e passeios. Assim, eles se capacitam para se inserir no mercado de trabalho e também para empreender. Queremos formá-los e transformá-los!
BP – Que trajeto profissional você percorreu antes de idealizar o Projeto Luz?
Sou formada em História pela PUC e, por muitos anos, fui professora. Por alguns anos, trabalhei na área de hotelaria. Meu pai era cônsul de Luxemburgo e após ele adoecer e não poder mais assumir o cargo, me candidatei e fui aceita. Sou cônsul honorária há vinte anos. Paralelamente à minha carreira, sempre realizei trabalhos de cunho social, atuando principalmente como professora voluntária.
BP – Você tem histórias de vidas transformadas pelo projeto que possa contar pra gente?
Temos muitas. Há diversos jovens que participaram de entrevistas para o primeiro emprego em redes de farmácia, bancos, empresas e para trabalharem como Jovem Aprendiz. Alguns foram aprovados e ficam maravilhados ao verem como é uma empresa por dentro. Outros estão realizando trabalhos autônomos, tentando realizar seus sonhos de trabalhar com TI, na área de moda, beleza, continuarem os estudos. Há um jovem estudando Engenharia e trabalhando numa empresa nesta área. Alguns querem ser escritores, pois foram inspirados pela palestra que tivemos com o autor Giovani Martins, que foi um dos bons momentos que tivemos aqui, e que gerou o trabalho final com publicação de textos escritos pelos alunos e produção de vídeos. Eles ficam muito felizes ao verem como o projeto é feito, pois muitos inicialmente desconfiam que o curso não será bom por ser de graça, mas se surpreendem positivamente. Além das aulas, temos outras atividades como passeios culturais, palestras etc. Assim eles podem conhecer outro mundo e ampliar seus horizontes.
BP – Você gostaria de deixar alguma mensagem para nossos leitores?
Eu gostaria de falar como financiadora e participante do Projeto Luz. No projeto, usamos o exemplo que devemos ser como girassóis (que inspirou nossa logo) pois eles estão sempre procurando a luz. Se você tem alguma forma de ajudar, ajude, seja financeiramente, seja com seu tempo. Não deixe pra depois. Seja luz também! A intenção deste projeto é que vejamos que ainda há esperança, podemos todos fazer algo para mudar, por pouco que seja. Gostaria de usar o exemplo da Madre Tereza de Calcutá que disse que seu trabalho era apenas uma gotinha no oceano, mas se essa gotinha não existir, o oceano diminui. Há diversas oportunidades de trabalho voluntário e eu incentivo muito que todos façam, é muito gratificante e realmente ajuda na mudança para um mundo melhor!
Marie junto com os jovens na formatura da Agência Jovem em 2018